VIRGILIO BRAZILEIRO. Ao meu compatriota e amigo o Sar. Serra Gomes. Se tiver paciencia, pode emendar este sue exemplar pelo que vai para Setubal, e que o 。 parente João Francisco Lisbon the ha de entragar. — Paris, 21 de Stembro de 1858. Manuel Odorico Mendes. AO LEITOR. Em 1854, sob o titulo de Eneida Brazileira, publiquei a traducção da epopea de Virgilio; agora publíco a de todas as suas obras, ao menos daquellas que sam delle incontestavelmente. Fiz muitas correcções á minha Eneida, accrescentei as notas, e nesta edição tive mais cuidado com a orthographia; comquanto neste ponto sinto-me disposto a acceitar o que decidirem os competentes, sem insistir nas minhas opiniões. Constando-me que, principalmente no Brazil, acharam escuros alguns lugares da Eneida, busquei saber quaes eram as escuridades ; e as que se communicaram, consistindo antes em termos antigos ou compostos, que na má construcção ou impropriedade, eu as explico sufficientemente, não aos conhecedores da lingua, mas aos que não se querem dar ao trabalho de consultar os nossos bons autores: resolução que tomei contra meu gosto, accedendo ao de pessoas estudiosas que assim mo aconselharam. Pois dou á luz a traducção inteira, com o texto em frente, julguei util uma breve noticia do poeta aos que não tiverem vagar ou paciencia de ler os commentadores, criticos e biographos. No fim das Bucolicas, e dos livros das Georgicas e da Eneida, a cada nota ponho dous numeros: um indica o verso do original; o segundo, o correspondente na traducção. Quando cito um so numero, entenda-se que he do original. Advirto que na Eneida coméço a contar desde Ille ego qui quondam, em razão do que declaro na primeira nota ao livro I, e lá deixei a especie de prologo da precedente edição. Tenho que a minha obra sem inconveniente pode ser lida nas classes de latim; porque tal he a versão que, se os estudantes não meditarem no texto, só com ella não o saberão reduzir á ordem grammatical, e talvez colham o fructo de aprender alguma cousa da lingua materna. |