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MIS'RICORDIA

IS'RICORDIA e justiça é o nobre assumpto (1) Misericordiam, et judicium

Do meu canto, Senhor! Em doce metro

O teu nome recordando,

Qualquer diverso motivo

Não irei jamais cantando,
Em quanto respiro e vivo:

Elle me abre a carreira immaculada
Por onde vou buscar-te: ah! quando, quando
Virás dar-me a ventura desejada !...

cantabo tibi, Domine.

(2) Psallam, et intelligam in via immaculata: quando venies ad me?

Serei digno, meu Deos, que me confortes?

(3) Perambulabam in innocen

(*) Simão de Muis chama a este psalmo O espelho de Principes

tia cordis mei; in medio domus E meus tremulos passos na innocencia

meœ (*).

(4) Non proponebam ante oculos meos rem injustam: facientes prævaricationes odivi.

(5) Non adhæsit mihi cor pravum: declinantem à me malignum non cognoscebam.

(6) Detrahentem secreto proximo suo, hunc persequebar.

Compassivo me dirijas?

Eu, no domestico enleio,

Vou, de paciencia armado,
Oppondo ás paixões um freio:
A meus olhos será sempre odiosa
Acção injusta; expulsa de meus lares
Se ha de ver sempre a gente criminosa.

Meu coração repugna depravados,
Nem

quero conviver com libertinos;
Por mais famosos que sejam,
Nem sequer desejo vê-los;
A polidez não me força

Nem menos a conhecê-los:

Pois se trahindo o proximo, revelam
Segredo alheio!... Em mim tal magoa excitam,
Que em vão contra o castigo se acautelam.

(7) Superbo oculo, et insatiabili Os que olham com desdem, os que orgulhosos

corde, cum hoc non edebam (**).

Aspiram sem virtude a premios altos,

São esses os que desprezo;

Não lhes consulto a vaidade,
Nem como á mesa com elles,

Nem lhes soffro a sociedade:

E tanto o seu aspecto me nausea,

Minados de uma sêde ambiciosa,

Quanto o dos bons me agrada, me recrêa.

(•) O imperador Basilio, na sua parenetica ao filho Leão, diz: Virtus, omni principatu, omnique auctoritate præstantior est. Si ergo dignitate quidem reliquis præstas omnibus, virtute autem ab aliis præcelleris, Imperator non es, imo alterius imperio subderis.

(**) Viri justi sint tibi conviva, diz o Ecclesiastes, c. 9. v. 22. E Seneca a proposito na epist. 104. Hærebit tihi avaritia, quamdiu avaro, sordidoque convixeris. Hærebit tumor, quamdiu cum superbo conversaberis.

Nos mansos, nos fieis que o Estado adornam,
Os meus olhos se empregam com deleite;
Esses vão co' a luz divina

Em caminho bem trilhado;
São de quem confio a vida,
Quem ponho junto a meu lado:
Longe de mim aparto os maldizentes,
Os suberbos, os falsos, os tyrannos,
Que compromettem sempre os innocentes.

Mal apontava o sol, exterminava
Co' a energica justiça os peccadores;
Não deve contaminar-se

De Deos a sancta cidade:

E della exclui severo

Obreiros de iniquidade.

Todas minhas acções, meu Deos, te off'reço;
Examina a intenção, conta meus passos,
Dá-me o premio ou castigo que mereço.

(8) Oculi mei ad fideles terræ, ut sedeant mecum: ambulans in via immaculata, hic mihi ministrabal (*).

(9) Non habitabit in medio domus meæ qui facit superbiam : qui loquitur iniqua, non direxit in conspectu oculorum meorum.

(10) In matutino interficiebam omnes peccatores terræ, ut disperderem de civitate Domini omnes operantes iniquitatem.

(*) Plinio no panegirico de Trajano: Est magnificum, quod te ab omni contagione vitiorum reprimis ac revocas, sed magnificentius, quod tuos: quanto enim magis arduum est alios præstare, quam se; tanto laudabilius, quod cum ipse sis oplimus, omnes circa te similes tui effecisti.

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