Page images
PDF
EPUB

Talvez n'este lugar jaz desprezado
Um peito que celeste fogo enchia;

Mão que o sceptro do imperio houvera honrado,
E na lyra prodigios crearia.

[ocr errors]

Mas a seus olhos a Sciencia, rica
Dos despojos do tempo, occultou tudo;
Reprimio nobre ardor Penuria; e fica
Gelado o genio que aquecera o estudo.

Nas grutas insondaveis do Oceano
Quantas perolas puras assim moram!
Quantas boninas nascem, murcham, no anno,
Florecem no deserto, e alli descoram !

Talvez um Palafox (+) de peito forte,
Que os tyrannos da aldea reprimia,
Colhido antes de tempo pela morte,
Dorme aqui, convertido em cinza fria.

Talvez mudo, e sem gloria, aqui descança
Um Camões, dos mais Vates ignorado;
Sem provocar os raios da vingança,
Um Buonaparte ignoto e sem peccado.

Colher applausos de um Senado attento,
Affrontar dores, alcançando gloria,
Grato Povo fazer Povo opulento,

E ler nos olhos d'elle a propria historia;

(*) D. José Palafox, General de Aragão, que se immortalisou na defeza

de Saragoça, em 1809.

Their lot forbad; nor circumscrib'd alone Their growing virtues, but their crimes confin'd; Forbad to wade thro' flaughter to a throne,

And shut the gates of mercy on mankind;

The struggling pangs of conscious Truth to hide,
To quench the blushes of ingenuous Shame,
Or heap the shrine of Luxury and Pride
With incense kindled at the Muse's flame,

Far from the madding crowd's ignoble strife,
Their sober wishes never learn'd to stray;
Along the cool sequester'd vale of life
They kept the noiseless tenor of their way.

Yet ev❜n these bones from insult to protect

Some frail memorial still erected nigh,

With uncouth rhymes and shapeless sculpture deck'd,
Implores the passing tribute of a sigh.

Their name, their years, spelt by th' unletter'd Muse,

The place of fame and elegy supply,

And many a holy text around she strews
That teach the rustick moralist to die.

For who, to dumb Forgetfulness a prey, This pleasing anxious being e'er resign'd, Left the warm precincts of the chearful day, Nor cast one longing ling'ring look behind?

On some fond breast the parting soul relies, Some pious drops the closing eye requires; Ev'n from the tomb the voice of Nature cries, Ev'n in our ashes live their wonted fires.

Vedou-lhe o fado; e não vedou sómente Virtudes grandes; restringio-lhe o crime: Não os deixa invadir um thróno ingente, Fecha a porta á piedade, o amor comprime.

Constranger do remorso a interna lutta, Apagar do rubor a interna chamma; Accrescentar do luxo a sede bruta,

C'os encomios que augmenta a voz da fama,

Nunca os sobrios desejos seus souberam,
Nunca no vil ruido desvairaram;
No ignoto e fresco valle onde nasceram
Durante a mansa vida prosperaram.

Estes ossos, comtudo, campa escura Protege contra insultos, onde moram; Com versos toscos, rustica esculptura, A quem passa, um suspiro é quanto imploram.

Solettra rude Musa o nome e a idade; Em lugar d'elegia, alli dominam

Textos santos, sentenças da Verdade,

Que ao rustico a morrer constante ensinam.

Quem se verá sem susto em precipicio
De entrar no Esquecimento tenebroso ?
Quem fixará da luz calida o quicio
Sem olhar para traz terno e saudoso?

O que morre confia-se em quem ama,
Pranto espera no instante em que fallece;
Da cova mesma a Natureza clama,
Seu indomito fogo a cinza aquece.

For thee, who, mindful of th' unhonour'd dead Dost in these lines their artless tale relate, If chance, by lonely Contemplation led, Some kindred spirit shall enquire thy fate,

Haply, some hoary-headed swain may say,
<«< Oft' have we seen him, at the peep of dawn,
Brushing with hasty steps the dews] away
To meet the sun upon the upland lawn.

<<< There at the foot of yonder nodding beech, That wreathes its old fantastick roots so high, His listless length at noon-tide would he stretch, And pore upon the brook that babbles by.

«Hard by yon'wood, now smiling as in scorn, Mutt'ring his wayward fancies, he would rove; Now drooping, woful wan! like one forlorn, Or craz'd with care, or cross'd in hopeless love.

<< One morn I miss'd him on the custom'd hill, Along the heath, and near his fav'rite tree; Another came; nor yet beside the rill, Nor up the lawn, nor at the wood, was he:

The next, with dirges due, in sad array Slow thro' the churchway-path we saw him born: Approach, and read (for thou canst read) the lay Grav'd on the stone beneath yon' aged thorn. >>

Tu, que cuidas nos mortos medianos, Que os seus feitos sem arte assim descreves, Se um triste aqui trouxerem desenganos, E perguntar teu fado e dias breves:

« Ao romper da manhã o vi mil vezes, (Talvez diga um pastor encanecido)

Veloz pisando o orvalho, em quaesquer mezes, Indo encontrar o sol no outeiro erguido.

<< Junto da faia, que d'alem acena,
E a raiz caprichosa estende e enlêa,
Lasso, deitado ao sol, e absorto em pena,
A fonte olhava, e o borbulhar da area.

<< Junto d'aquelle bosque o vi queixoso,
Lamentando o enfadonho seu cuidado;
Já pallido, já triste e duvidoso,
Louco de dor, de amor desesperado.

« Certo dia faltou no usado outeiro, Perto da matta, e da arvore valida; No outro não se vio junto ao ribeiro, Nem na planicie, na estação florida:

<< Com responsos, mortalha, e triste arreio, Ao adro, no seguinte, foi levado:

Chega-te e lê o verso, pois eu creio

Podes ler o que a pedra tem gravado. >>

« PreviousContinue »