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3.a

Tanto um Pastor insensato,
Oh Deos! terá merecido?

Um, que a não ter-te esquecido,
O menos é ser-te ingrato?
Um, que despresa o teu trato,
Que julga por desatino
Amar teu gesto divino!...
Estas expressões penosas
Não são ficções mentirosas,
São vozes do teu Alcino.

4.a

Que ditosa utilidade

Acaso tem resultado

De teu peito magoado

Soffrer de Amor a impiedade?
D'entregar-te a uma saudade?
De fingir no mentiroso
Pensamento, que extremoso
Alcino por ti suspira,
Que ausente de ti delira,
Que por ti morre saudoso?

CANTIGAS.

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CANTIGA ANACREONTICA.

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seio de um bosque umbroso,

Onde o Sol não penetrava,

Capella de fresco louro
Para Tirce concertava.

Depois de havê-la acabado Lancei mão da flauta branda, Que os ternos sons amorosos Para quatro partes manda.

Então benigna esperança
Docemente me annuncia

Que assim disperso meu canto
A Tirce chegar podia.

Amor, que perto morava,
Zeloso pelo respeito,

Corre a ver se destas vozes
Impede o atrevido effeito.

Abre as curtas azas, cuida
De comprimir o ar vibrado,
Gira, esforça-se, voleja,
Fica-lhe o esforço baldado.

Já voa o canto ligeiro, Por entre as azas respira, Chega ao transtagano Elysio, E lá por Tirce suspira.

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