SONETO. PENSAMEN Bem sei que hasde matar-me se puderes; Não tem poder a morte de assustar-me: Mas quando tu me vires arquejando, Eu não quero na praia desabrida Do pallido Acheronte ir memorando SONETO. UE procurais de mim, tristes cuidados? Suspenda-se o martyrio, duros fados, Receba o peito afflicto algum alento: Um triste peito alivio em vão procura, Oh sorte iniqua! satisfaz a ancia, Rouba-me o bem, rouba-me a ventura, SONETO. IDEAS minhas, multidão de idéas Que algum dia da citara fiava, Vinde, trazei-me as horas que eu passava Bem que tristes, de paz as horas chêas, No feliz tempo em qu' inda eu ignorava Ide colher aos ermos tenebrosos Os ais que lá deixei menos sentidos, Talvez que esses antigos meus gemidos, Com que eu domava os monstros furiosos, 1 SONETO. POR OR triste que da vida o termo avisto, Luto co' as penas, pezar conquisto, E co' a face de lagrimas banhada Vou procurar na citara empenada Sons com que aplaque ou vença o rigor disto. Sei que o prazer, qual fragil planta, dura, Troco assumptos ditosos por lembranças; SONETO (1). Saudade. ALTAS serras, que a vista frouxa alcança, Onde o Cahos antigo inda hoje mora; Nenhuns traços alegres da esperança ! As palavras expiram-me na boca ; Tal da saudade a asperrima violencia (1) Na serra de Monte-junto. (Nota da auctora). |